sexta-feira, 9 de maio de 2014

Autobiografia de Irundy Dias ( página 171)

Desde a ida de Maria Sybele e Maria das Mercês a Salvador para a continuação dos seus estudos, as nossas preocupações aumentaram, pois a ambientação das mesmas, junto aos colégios, havia ainda e bem maior o fator acomodação. Assim é que, ficaram um ano inteirinho com Tereza Martins e só não continuando ali com ela, porque Armando, meu irmão, veio com a família definitivamente para Salvador, deixando o cargo que exercia em Paulo Afonso, tão logo se formou em Medicina. E aí, nos anos seguintes, Sybele e Mercês, cumpriram um regime de maratona olímpica. Num certo período de tempo, ficaram hospedadas com umas  italianas que no tempo de escolaridade de Nó, receberam-na com toda a amabilidade possível,  deixando-a num ambiente sossegado e agradável.Depois, de algum tempo, Sybele e Mercês, fizeram companhia aos filhos de  Benito Schettini, que por sinal , já haviam sido colegas e contemporâneos delas na instituição de ensino CNEC, colégio situado em Poções, onde freqüentaram e estudaram da quinta a oitava séries.Mais adiante, foram hóspedes por algum tempo, do nosso amigo já falecido, Benevaldo Rocha. Depois disso, as meninas , mais crescidas e donas dos seus narizes, juntaram-se a algumas colegas que viviam do mesmo drama, naquele pinga-pinga quase quotidiano e resolveram alugar um apartamento, mas que não deu certo na primeira tentativa.Finalmente, com outras duas amigas, conseguiram se acomodar num apartamento situado na avenida sete de setembro, trecho compreendido entre o Colégio das Mercês e o Largo da Piedade, onde ficaram uma boa temporada.


segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Relembrando Affonso Manta(Anexo a Autobiografia de Irundy Dias)

                                        A   F   F   O   N  S   O               M   A   N   T   A

                         A    N    T    O    L    O    G    I    A             P    O   É    T     I     C     A


Seleção e organização:                        Ruy               Espinheira                 Filho












       

domingo, 29 de dezembro de 2013

26 de agosto de 1982

Nesta data, foi inaugurada pelo primeira vez, em Poções,a Agência da Caixa Econômica Federal

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Autobiografia de Irundy Dias( Aniversário)

O dia amanheceu lindo ! Fato que nem sempre se verifica em Salvador, nessa época do ano. Era a manhã do dia 23 de dezembro de 1953.Local: Terreiro de Jesus. Parte interna da antiga Faculdade de MEDICINA DA BAHA. Acontecimento: À partir das 10 horas da manhã, colação de grau de dez alunos que concluiram o curso de Odontologia. Sem solenidade, é claro, pois a maioria da turma. após prestar os últimos exames finais, é que iria marcar a data da formatura COM SOLENIDADE e tudo o mais que tivesse ditreito. Por ora, aqueles dez que foram aprovados em todas disciplinas, não teriam direito a nenhuma solenidade.E com todo o orgulho do mundo, nós fomos para lá.
A sala com os parentes dos formandos estava quase literalmente cheia e a medida que em ordem alfabética, o secretário chamava cada aluno, um a um foram chegando á frente,para receber o seu cilindro de papel e depois se dirigiam a se sentavam em um grupo de cadeiras situadas ao lado direito da Mesa principal. Recebi o meu canudo e me postei junto a outros colegas que já se achavam sentados. Seguiram-se alguns pequenos discursos e interessado em apenas a olhar o conteúdo do meu canudo, verifiquei depois de algumas tentativas,que era simplesmente uma cartolina sem nada escrito por fora ou por dentro.
Minha mãe e a minha tia Edite, foram as únicas a assistir e logo depois do encerramento da sessão, todos os formandos receberam dos seus parentes, os cumprimentos a que fizeram jus.
Estou relembrando esse fato, porque nesse momento exato, estou completando 60 anos de formatura na Faculdade de Odontologia da Bahia. E diga-se de passagem: Isso não se repete para muitos colegas.
E para acrescentar: quando eu me tornei  REMIDO do Conselho Regional da Odontologia da Bahia (CROBA), recebi com toda a solenidade um diploma de ÉTICA PROFISSIONAL, que também não é expedido a qualquer um.
Por todos esses galhardões, eu IRUNDY MANTA ALVES DIAS, ME PARABENIZO SOLENEMENTE NO DIA DE HOJE, AO COMPLETAR 60 ANOS DE FORMADO.

                             POÇÕES, 23 DE DEZEMBRO DE 2013.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Autobiografia de Irundy Dias ( página 56 )

                                              Excursões estudantis da CNEC


A primeira excursão da CNEC que já contei nos mínimos detalhes, foi realizada em 1962 com o destino escolhido que foi Salvador. Anos depois,.a segunda e terceira excursões, seguiram para o Rio de janeiro.
Na primeira, contratamos os serviços de um ônibus que nos conduziria ao Rio de Janeiro e nos traria de volta. Todos os passeios lá na Cidade Maravilhosa, seriam realizados por conta da verba arrecadada pelos estudantes.
O local para ficarmos hospedados, estava situado na Lapa, perto dos Arcos, onde passava um bondinho, cujo passeio nos levava ao bairro de Santa Tereza. Era uma hospedagem típica para estudantes. Pagamos dez cruzeiros por pessoa, para ficarmos alojados durante os cinco dias que  ficaríamos no Rio. Só dormida, sem direito a qualquer tipo de comida. Nem café da manhã, que era “tomado”, naquelas lanchonetes próprias para tal tipo de serviço. Dentro da hospedaria, em cada andar ficavam situados os quartos separados do pessoal masculino e do feminino . Noélia e eu, estranhamos logo de cara, porque a lei era para todos indistintamente, fosse aluno ou professor O horário para o retorno à noite, era bem rígido. O portão principal de ferro, ficava aberto até as 22 horas. Apesar de todas as exigências que nos foi dada, o jeito foi aceitarmos de bom grado, pois quem acharia um local  para dormir durante cinco dias, por apenas dez cruzeiros?
No primeiro dia, logo após o café da manhã,  todos já estavam preparados para ir a praia. Algumas meninas acharam de andar pelas ruas ali do bairro da Lapa, apenas vestidas com os maiôs, segurando em suas mãos, as sacolas com os demais pertences. Tal procedimento causou uma série interminável de assovios, por parte dos homens que cruzavam nossos caminhos. Momentos de insatisfação nos deixaram  por alguns minutos, até que “aquelas”, sentindo de perto o erro que estavam cometendo, resolveram se recompor.
Na praia, tudo ocorreu em plena normalidade, onde cada qual, procurou fazer as despesas extras, sem recorrer a verba destinada aos gastos com alimentação e passeios.
Para facilitar as despesas nos restaurantes, previamente aqui em Poções, compramos no Banco de Brasil, uns tíquetes, que dariam mais sossego na questão de pagamento e de trôco.
E isso o fizemos tranquilamente, frequentando qualquer restaurante ou lanchonetes que recebessem os tais  tíquetes.
O pior do passeio, diariamente, era a volta para a hospedagem, a fim de reunir o pessoal e saber qual daquele que estava atrasado. E tal fato aconteceu na terceira noite, quando um dos alunos, perdeu o horário de chegada e só foi aparecer quase às 23 horas,  gerando para nós todos, um desagradável desconforto, precisando uma enérgica intervenção de minha parte, quando pedi ao porteiro milhões de desculpas. Também, o que aquele estudante ouviu de reclamações de nossa parte e da direção da hospedaria, serviu de exemplo aos demais colegas.


quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Autobiografia de Irundy Dias ( 57 )( sonetos)

ESTES SONETOS,  COPIADOS POR MIM, DE UM LIVRO DE MAMÃE, QUANDO ELA ESTAVA AINDA COM 18 ANOS DE IDADE. FAZENDO AS CONTAS;
MAMÃE NASCEU EM 1906, COM MAIS 18 É IGUAL A 1924.PRATICAMENTE NÓS JÁ ESTAMOS EM 2014. ENTÃO, CONCLUE-SE QUE O LIVRETO COM OS SONETOS COPIADOS POR ELA MESMO, ESTÁ COM 90 ANOS. A GRAFIA PARA FICAR ORIGINAL,É COPIADA TAL QUAL, MAMÃE ESCREVEU EM SUAS ANOTAÇÕES, DE MOCINHA EMBEVECIDA COM O AMOR DE SUA MAIS PURA ADOLESCÊNCIA.
                                         
                                                   O PALHAÇO                      
                                                                                                H. PINHEIRO

Quando no circo, o povo agglomerado,
Num grande vozear que ensurdecia
Bradava pelo clonos; o desgraçado
Uma filha perdera neste dia;

E quando o vi, no seu rosto maguado
Pude lêr o pezar que elle sentia,
E mesmo assim, doente e consternado,
O palhaço as pilherias sacudia...

Quantas vezes da vida na amargura,
Não sentimos também essa tortura
Do inditoso palhaço sorridente.

Quantas vezes nos rimos e, no entanto
A nossa alma desfaz-se em dor e pranto
Que disfarçamos neste rido ardente.




                                             AMOR  DE PALHAÇO
                                                                                          A THOMAZ

Hontem viu-se-lhe em casa a esposa morta
E a filhinha mais nova tão doente!...
Hoje o empresário vai bater-lhe a porta,
Que a plateia reclama impaciente...

Ao palco em breve surge... pouco importa
O seu pezar aquella extranha gente,
E ao som das ovações que os ares corta
Tregeita e canta e ri nervosamente.

Aos applausos da turba, ele trabalha
Para esconder  no  manto em  que se embuça
A cruciante angustia que o retalha.

No entanto a dor cruel mais se lhe aguça
E enquanto o labio tremulo gargalha,
Dentro do peito o coração soluça...




                                           B E I J O S 
                                                                      GUILHERME DE ALMEIDA

Não queres que eu te beije... E o beijo é a própria vida,
A invenção mais sublime  e bela do Senhor;
É o fogo em que se abraza uma alma a outra alma unida,
É o prologo e também o epilogo do amor!

A lua beija o mar, nas ondas reflectida;
O sol ,beijando o ceo, o cobre de esplendor;
Num beijo o orvalho alenta a planta emurchecida
E a borboleta suga o mel, beijando a flôr.

Deixa que o amor expanda os seus desejos,
Beijando os lábios teus, sem nunca se cançar !
Chega ao meu coração, escuta-lhe os arquejos !

A bocca perfumada, ó, deixa-me beijar !
Porque somente amando é que se trocam beijos...
E porque só beijando é que se aprende a amar.



NOITE  DE  INSOMNIA
                                                                                         Nestor de Góes

Horas mortas... Outomno. A alcova abandonada...
Como é triste arrancar assim da noite o dia !
La fora em derredor ulula a ventania
E não tarda a raiar a luz da madrugada.

Que saudade de ti... Que infinita agonia
Eu sinto ao recompor teu vulto, minha amada !
O passado é um lamento uma flôr desbotada,
Um beijo que se dá numa noite sombria...

Ah ! se voltasses tu ... e nos beijos de então
Unisses minha boca à tua boca santa !...
Que saudades de ti ... que enorme solidão ! ...

Penas,  desilusões  e magoas, aplacae
Esta afflição atroz que me sobe a garganta
E se converte em pranto e gotta a gotta cae !






                                               N     A     D     A 

                                                                                   JOAQUIM  NABUCO

Tudo é nada no mundo. O nada é tudo.
Porque do nada tudo foi tirado !
Porque do nada tudo é transformado,
E ao nada volverá um  dia tudo!

Deus do nada com um gesto tirou tudo
Pois do nada  o Universo foi tirado !
E num dia  no nada transformado,
Deixará de existir e assim vae tudo.

Só nossa alma  persiste e Deus eterno,
Cuja essência é de si mesmo increada.
Por ser um Ser divino – Ente Supremo !

Na potencia do mundo agigantada
Nesta terra, nos céos, no próprio inferno,

Somente uma palavra eu leio : NADA .

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Autobiografia de Irundy Dias ( páginas 3 e 4 )

O nosso parentesco com o poeta Castro Alves, veio através de minha bisavó Odília, mãe de vovó Isaltina, que era prima dele. Daí, todos os descendentes por parte de meus avós paternos tiveram  o Alves em um dos sobrenomes.

Decorrido certo tempo de estada em casa dos meus avós paternos, eis que os avós maternos reivindicaram a nossa presença com eles, desde quando meu avô Manta, sendo médico, ele mesmo queria fazer o parto da própria filha. Todos eles residiam na península itapagipana e bem próximos por sinal.
Meus avós maternos ocupavam uma casa à Rua Álvaro Cova, próxima a Igreja da Penha, enquanto vovô Afonso com  sua família, residiam na Avenida Beira Mar, se não me falha a memória, a casa possuía o número 321.

Papai era balconista da Casa de ferragens Eduardo Fernandes, localizada na Cidade Baixa, perto do Plano Inclinado, onde trabalhava das oito às 17 horas. Ele "tomava" um BONDE, logo cedo, almoçava lá mesmo e só voltava para casa ,quando encerrava o seu serviço, à tardinha. Como possuía outras aspirações, nas horas de folga, estudava para fazer os exames preparatórios, hoje chamados de vestibular. Basta frisar, que as linhas de bonde que faziam o percurso da parte baixa do Elevador Lacerda até a Ribeira e vice-versa, onde os passageiros perdiam um tempo exagerado e por isso mesmo, Papai ia pela manhã ao trabalho e só retornava quase ao escurecer.

No dia 17 de fevereiro de 1930, tal qual tia Moema havia pedido, precisamente ao meio dia, nas mãos hábeis do Dr. Manta, Mamãe deu a luz a um garotinho robusto, bonito pra caramba, cheiroso e que as tias Licinha Edite e Dulce ficaram babando para pegá-lo. Irundy, como foi registado posteriormente, veio ao mundo, para felicidade de todos. Papai só tomou conhecimento do fato, ao retornar do trabalho à noite.

Meses depois, fui batizado na Igreja da Penha, tendo como padrinhos, vovô Manta, vovó Amália e tia Licinha.

Em 1931, quando eu estava aniversariando pela primeira vez, Papai brindou a todos,  sendo aprovado nos Exames preparatórios do Curso de Medicina. Ele e os proprietários da Casa Comercial Eduardo Fernandes, entraram num acordo pra que só trabalhasse num turno, a fim de não perder as aulas da Faculdade de Medicina, que era pertinho. Papai subia para a Cidade Alta, pelo Plano Inclinado, saltava na Praça da Sé e dali seguia andando até o Terreiro, onde ficava a antiga Faculdade de Medicina.

A vidinha deles dois foi seguindo em frente e as minhas irmãs começaram a surgir de dois em dois anos.
Eliaci nasceu em dezembro de 1931, Aryolinda em 1933, quando ocorreu o falecimento de Eliaci. Nair veio ao mundo em 1935 e faleceu no ano seguinte em 1936.

Nesse intervalo de tempo, toda a família de vovô Manta mudou-se para a Rua Felisberto Carvalho 57, também conhecida como Rua da Poeira.                        

BONDE: veículo ferroviário elétrico, destinado ao transporte urbano e suburbano de passageiros.
        
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Já sabendo ler as notícias  dos jornais, em março de 1936, fui matriculado no Colégio Nossa Senhora de Lourdes, onde tia Dulce estava concluindo o seu Curso de Magistério.
Ao final do ano de 1936, Papai formou-se em Medicina e aí o pessoal da casa, resolveu fazer uma pequena comemoração.
Para ficar mais próximo dos familiares, o meu tio Arnaldo (Nadinho), mudou-se para a mesma rua no número 40 e por isso mesmo, o filho mais velho, por nome Inaldo, me fazia companhia até a escola, todos os dias.
A casa onde moramos na Rua da Poeira, 57, possuía um andar térreo, ocupado por outra família e nós ficávamos no primeiro e segundo andares. Era um sobrado.
Certa feita, como os banheiros dos dois andares estavam ocupados, dirigi-me a um banheiro que ficava no quintal, logo abaixo da janela da cozinha, que quase ninguém usava, pois se descia dois lances de escada, com mais de vinte degraus em cada uma.
Descendo-se o primeiro lance chega-se a um pequeno patamar, onde a pessoa teria duas opções: indo pela esquerda, desciam-se ainda uns quatro degraus seguindo para a porta da rua. Tomando a parte da direita, é que se descia mais 20 degraus em direção ao quintal. Desci o primeiro lance e quando galguei os primeiros quatro degraus do segundo lance, avistei um individuo, junto a uma das paredes cortando uns canos de chumbo de um encanamento antigo. De imediato, perguntei:
--- Que é que você está fazendo aí, moço?
---Aqui não é a casa do Sr. Matias? --- respondeu ele
---Matias? Aqui é a casa do Dr. Manta, médico da polícia militar.
---É que eu recebi ordens, para vir cortar esses canos de chumbo sem uso...
Depois desse pequeno diálogo, desci mais rápido pelos degraus que ainda faltavam, até chegar em frente ao banheiro e virando-me para cima, gritei bem alto:
---Joana, Joana! Acode aqui em baixo, que tem um ladrão tentando roubar vários pedaços de cano.
Ao ouvir as minhas palavras, o ladrão largou de imediato, tudo o que estava fazendo e correu para cima, pela escada, a fim de fugir. Da parte debaixo onde eu estava, ainda presenciei  Joana chegando à tempo de dar um SAFANÃO no ladrão, que mesmo assim, ainda saiu correndo em direção a rua..
De  passagem quero apresentar a cozinheira Joana, que participou dessa história.
Era uma preta de mais ou menos uns trinta anos, alta e robusta. Devia pesar entre setenta a oitenta quilos. Vocês já pensaram como deve ter doído o que o malandro, recebeu do safanão dela, no encontro que tiveram entre os dois no patamar da escada?.


SAFANÃO: Tapa forte com a mão aberta. Choque forte; empurrão, tranco.

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